segunda-feira, dezembro 21, 2009

O amor do Pai esbanjador - Parte 2



Não podemos perder a capacidade de nos impressionar com imensurável demonstração de amor por nossas vidas. Paulo aos Romanos nos diz que Deus prova isso pelo fato de ter Cristo morrido em nosso lugar, sendo nós ainda pecadores (Rm 5.8). Ora, se ele “não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com ele todas as coisas?” (Rm 8.32).

Descrentes e desconfiados, muitas vezes, disso, acabamos acreditando que o amor de Deus é medido, contado, justo. Não! Ele é injusto! E por um motivo apenas: nossos pecados não valiam tudo o que Cristo pagou. Ele não efetuou o pagamento contado, como se seu sacrifício equivalesse exatamente às ofensas que motivaram sua entrega. É difícil estabelecer cifras, mas vou tentar ilustrar o que Cristo fez na cruz. Nossos pecados, todos eles, os passados e futuros, até a consumação dos séculos, por piores que fossem, talvez montassem a 100.000 reais. Mas ele, para mostrar, como diz Efésios, “nos séculos vindouros, a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco” (Ef 2.7), ofereceu como quitação o valor de 100 bilhões de euros. O inferno estremeceu diante de tamanha beneficência, de incrível exagero, de desmedido desperdício.

Sim, ele veio até nós. Não poderíamos encontrá-lo, mergulhados como estávamos em trevas. E veio trazendo “tão grande salvação” (Hb 2.3), não algo frágil, tal qual um vaso de porcelana que manuseamos com mil cuidados para evitar que se transforme em cacos à primeira colisão com a quina de um móvel qualquer. Estamos muito mais seguros nesta salvação, depois de termos sido eleitos pela vontade de Deus, do que comumente imaginamos.

Por que, então, ainda nos comportamos como se fôssemos ser destituídos dela a cada esquina, a cada pecado, como se ali Deus nos aguardasse para nos atirar no rosto o quanto somos desprezíveis e que há muito ele sabia que não nos manteríamos salvos por muito tempo?

Considerar a salvação assim é diminuí-la, amesquinhá-la, darlhe categorias humanas, compará-la aos bons projetos e boas ideias que de vez em quando nos surgem no nosso cotidiano. A salvação repousa na escolha soberana do grande e eterno amor de Deus. Um amor estável, imarcescível. Ele nos amou primeiro, sem que sequer tivéssemos atinado com isso. Mesmo hoje, não somos capazes de entender muita coisa desse amor. E, no entanto, ele ‘desperdiçou’ conosco, foi pródigo ao extremo, não poupou. Deu tudo o que tinha. É por isso que mesmo depois de nos acharmos saciados, há ainda 12 cestos cheios de pedaços de pães levantados à nossa disposição; vinho de qualidade celestial em abundância, mais do que a capacidade dos bebedores de consumirem, naquele momento em que todos acreditamos que a festa “já deu o que tinha que dar”; tolerância do tipo 70 X 7 ao dia, para não restar dúvida de que nossos pecados nunca vão esgotar seus recursos para perdoálos.

Que provisão! Que segurança! Se o pagamento do Calvário, portanto, excedeu, e muito, o valor da nossa dívida, por que ainda achamos que tãodesproporcional liquidação às vezes é insuficiente para cobrir as pendências que a nossa natureza vai contraindo aqui e ali? Por que insistir em dar contornos humanos a favor tão divino? Jesus tem ainda muito crédito por nós. Quem nos separará do amor dele? Que, como a Paulo, venha-nos a convicção insuperável de que “... nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8.38-39).

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