
Não me deixe saber
Por mais que eu saiba que, se eu sou o que sou hoje foi por causa de vocês, que o fato de eu ter uma estrutura, uma base para viver dignamente a minha vida foi porque vocês planejaram se informaram e me proporcionaram isso, eu tomo a liberdade de ensinar algo aos meus mestres.
Eu sei que quando eu nasci tudo era diferente, época, condições, o clima, até posso concordar que não foi nem um pouco fácil. Mudança de vida, de tarefa, novas obrigações, grandes renúncias, tudo por mim, eu sei. Era impossível não se preocupar com a criança completamente dependente, e eu não sei, mas deve ser mágico o fato de saber que existe alguém que precisa de ti para sobreviver. Torna-se razão de viver.
Tudo é muito rápido, não dá tempo pra se preparar, é agora ou agora. Higiene, proteção, amor... Tudo é contigo. Quando vê... Ele falou, ele caminhou, ele pensou, ele sentiu, ele re-tru-cou! Quando nós o ensinamos a ter opiniões? Faz isso, eu fiz aquilo, faz aquilo, eu fiz isso; às vezes foi bom, outras vezes foi muito ruim. Caí, tropecei, escorreguei, levantei, abri o berreiro, a goela, a cabeça, mas aprendi ou ensinei, eu já tinha esse poder.
Por quê? Por quê? E por quê? Ah, ele era tão queridinho! E quando vocês menos esperavam, eu descobri, eu soube, eu procurei, eu me aventurei, eu mudei. O independente mais dependente do mundo é claro!
Eu me afastei, ou melhor, vocês não precisaram mais se aproximar tantas vezes, não era necessário. Sem dúvidas teve momentos que vocês não estavam nem ai, se meteram na minha vida sem pedir licença... ”Isso não vai dar certo!”. Custou, mas vocês entenderam que eu precisava aprender sozinho, mesmo que isso me custasse algo. Mudei; o dependente mais independente do mundo.
Ta faltando alguém nessa mesa de jantar, ta faltando alguém na cama do quarto ao lado, amanhã eles voltam. E eu voltei, mas logo eu fui, demorei a voltar, voltei e demorei a ir, e nesse meio tempo vocês não se preocuparam e nem se deram conta, mas podiam ter se preparado, pois isso ia acontecer mais seguidamente.
Foi inevitável, involuntário, mas eu não ia progredir para o mundo escondido dele, eu precisava me apresentar. Prazer, eu sou fulano de tal, ou, desprazer você não precisa saber quem eu sou. E eu não parava de descobrir coisas, mas o diferente é que, junto às descobertas, eu construía o meu mundo, a minha história. Eu mudei; o independente. E eu sabia disso, e vocês também.
Isso não é novidade não é? Poxa, vocês passaram por isso lembra? E na construção de seus mundos eu nasci, eu cresci, eu sonhei, eu saí, voltei, lutei, alcancei. E faz parte da construção de suas vidas eu construir a minha. Eu consigo compreender. Mudança de vida, de tarefa, novas obrigações, grandes renúncias, tudo por mim? Não mais, agora é por vocês. É impossível não se preocupar com o adulto completamente independente, mas deve ser estranho saber que existiu alguém que precisava de ti para sobreviver e agora está se tornando a razão de viver de outros.
E então vocês gritam: Onde estão os meus filhos?!
Um comentário:
oi tudo bom?
priemria vez que venho aki e parece ser um bom blog, pelos textos que li.
se nao for incomodo para voce. visite o meu:
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bjx
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